CRÔNICA:A Filha

Como se estivesse encantado, ele ficou alguns minutos olhando para ela, enquanto as pessoas também o observavam sem entender o motivo.

Naquele momento, ele lembrou de quando ela falou papai pela primeira vez, os primeiros passos, os abraços quando ele chegava do trabalho.

Ele lembrou o quão macias eram as mãos de sua filha, o sorriso sincero, o olhar que continha um brilho sem igual. A pequenina que adorava brincar com o pai, passear e até assistir futebol ao seu lado, mesmo sem entender do referido esporte.

As memórias do passado, passaram como um filme e ele ali ficou com cara de bobo, de pai, babão e coruja. O grande dia chegou e ela estava linda. O véu, a grinalda, o vestido, tudo que ela vestia ou usava era inferior à sua beleza.

O noivo, não conseguia segurar as lágrimas. Enfim acontece o casamento. E o velho pai volta para o lugar que o destino lhe ofertou: Um abrigo de idosos. Lá ele era feliz, mesmo com a tristeza e a saudade que sentia da única filha que um dia ele deixou no altar constituindo um feliz matrimônio.

TEXTO: Val Marks (escritor pilarense)

Pilar, 17 de setembro de 2018